Alunos do segundo ano do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), através da disciplina Unidade Curricular Extensionista-II (UCEx-II): Sala de Espera – um espaço onde os educandos se encontram visando planejar e implementar ações de educação em saúde compatíveis com as necessidades da população, em especial, aos problemas identificados na comunidade – desenvolveram materiais de educação em saúde para pacientes em sala de espera. O projeto é coordenado pelos professores Maria Noel Marzano Rodrigues e Daniel Moraes Botelho.
Durante o mês de maio e junho, os discentes têm realizado aprofundamentos teóricos sobre as temáticas relacionadas ao processo de saúde-doença durante os eventos hidrológicos críticos, como as enchentes. Estas aprendizagens compreenderam as medidas de prevenção de doenças e demais riscos que podem afetar a saúde física e mental daqueles que vivem na região do desastre, resultando na elaboração de materiais para ações de educação em saúde. Entre os assuntos abordados estão: cuidados com a água e alimentos, cuidados pessoais, sinais e sintomas que requerem busca imediata por atendimento médico, vacinação, leptospirose, hepatite A, cólera, dengue, doenças respiratórias (influenza e Covid-19), tétano acidental e acidentes por animais peçonhentos.
A partir da preparação prévia, os estudantes têm transformado o tempo ocioso dos usuários durante o período de espera por atendimento, em momentos produtivos de socialização do conhecimento, crescimento pessoal e coletivo. Para o coordenador do curso, Cayo Lopes, essas ações são importantes para humanizar o atendimento, proporcionando um ambiente adicional para o diálogo, a solidariedade, a troca de vivências e fortalecimento de vínculos entre os usuários direta ou indiretamente atingidos pela enchente e a equipe multiprofissional. Assim como, buscam promover a autonomia das pessoas quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis e para desenvolver completamente o seu potencial de saúde e de vida, incluindo o acesso à informação e ao aprendizado sobre assuntos que estão tendo impacto na vida de todos neste momento.
Durante as ações extensionistas, os estudantes também puderam realizar um diagnóstico para identificar a dimensão dos danos sofridos pelos usuários do núcleo ambulatorial de saúde da UCPel, durante as enchentes. A partir disso, foi possível fornecer orientações específicas para cada pessoa, bem como colocá-las em contato com redes de apoio, quando necessário. As ações alcançaram mais de 230 pessoas; quase 45% delas haviam sofrido algum impacto direto em decorrência da enchente e cerca de 70% tinham algum amigo ou familiar, cuja residência havia sofrido danos. Muitas pessoas estiveram em contato com a água da enchente ou estavam envolvidas na limpeza de locais com lama, por isso, encontram-se mais vulneráveis à uma série de doenças infecciosas. As ações de educação em saúde têm sido importantes para o processo de aprendizado dos alunos, que durante a UCEx-II se dedicaram à solução de problemas reais em sua comunidade e na orientação da população sobre a importância da adoção de medidas de prevenção.
Redação Pedro Vargas