Medicina UCPel

Cerca de 20% dos cânceres humanos são causados por vírus. Destes, segundo dados do Ministério da Saúde, 50% são provocados pelo papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês). A vacinação é uma das formas mais eficientes de prevenção — sendo o imunizante distribuído gratuitamente pelo SUS.

Indicada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade, a imunização deve acontecer, preferencialmente, entre os 9 e 14 anos, conforme o Ministério da Saúde. Meninos de 9 a 14 anos; pessoas com HIV positivo e pessoas transplantadas na faixa etária entre 9 a 45 anos também podem receber a vacina.

Uma pesquisa de acadêmicas do curso de Medicina da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) fez a análise do número de doses aplicadas em mulheres da vacina quadrivalente contra o HPV. Dados de um período de dez anos foram investigados, a fim de identificar a adesão e a resposta perante as campanhas de vacinação.

Motivadas pelo interesse em melhor entender a abrangência da vacina para o vírus, as alunas iniciaram sua pesquisa. Através da plataforma de dados DATASUS — plataforma da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde que coleta, processa e dissemina informações sobre saúde — foi possível avaliar o número de doses aplicadas conforme a faixa etária e o ano, esclarece Emanuelle Bohm uma das autoras da pesquisa.

O estudo revelou que os anos de 2014 e 2015 apresentaram os maiores índices de doses aplicadas — respectivamente, 7.948.224 e 5.857.290. Indo ao encontro dos principais anos de campanha de vacinação nacional para esse imunizante. O que leva à conclusão de que o país está imunizando a faixa etária adequada (9 a 14 anos), de forma precoce, favorecendo a prevenção da infecção por HPV e do câncer de colo uterino. Também se percebe a importância da realização de campanhas de vacinação e instrução.

Pesquisa reconhecida nacionalmente

As alunas levaram sua pesquisa ao Congresso Gaúcho de Ginecologia e Obstetrícia, realizado do dia 28 a 30 de setembro de 2023. “Uma excelente oportunidade para aprimorar e aprofundar conhecimentos na área”, discorre Emanuelle.

A acadêmica também ressalta que diversos membros da Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da UCPel (LAGO-UCPel) estiveram presentes neste evento. “Neste ano, a LAGO obteve o aceite dos cinco trabalhos submetidos, dos quais um foi selecionado para apresentação oral e ainda publicado em revista”, diz Emanuelle.

A participação no congresso proporcionou que a produção científica fosse divulgada na publicação oficial da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). O resumo do artigo “Vacinação quadrivalente feminina para papilomavírus humano e sua adesão pelo público-alvo: uma análise de dados dos últimos dez anos” figura no caderno científico na 51ª edição da revista Femina.

De 216 resumos, apenas quatro foram selecionados como melhores trabalhos do congresso e para publicação na revista. “A LAGO UCPel está extremamente orgulhosa com a publicação do trabalho”, expõe Emanuelle. “A equipe envolvida está muito feliz em conseguir levar o nome da UCPel para âmbito nacional nessa área incrível e encantadora da Ginecologia e Obstetrícia”, diz.

Redação: Caroline Albaini