Um dos aspectos mais polêmicos da vida universitária, o trote estudantil ainda é motivo de apreensão para vestibulandos e calouros. Isso não acontece por acaso, de fato, persiste uma cultura a respeito desse ritual de passagem que o transforma em um momento de violência e desconforto para jovens de todo o país.
Existe muito exagero e mitos a respeito do trote, portanto, vale a pena se informar corretamente antes de tirar conclusões precipitadas. De fato, não faz muito tempo, existia no Brasil uma cultura violenta nesse sentido, mas isso persiste apenas em alguns lugares. Ao mesmo tempo, já surgiram parâmetros legais que impedem os veteranos de fazer certas práticas com os novos alunos.
Pensando na importância com que esse assunto deve ser tratado e no intuito de repassar informações legítimas, escrevemos este post. Aqui, traremos alguns temas para que você saiba o que esperar do trote estudantil nas universidades. Vamos lá?
Como funcionam os trotes estudantis?
Trata-se de uma tradição que já existe no Brasil há muito tempo e também pode ser encontrada em outros países. Toda e qualquer sociedade tem os seus ritos de passagem, formas de celebrar a entrada na vida adulta e outras cerimônias. É nesse sentido que o trote se instaurou como algo natural quando se ingressa em uma faculdade. Por causa disso, são sempre os alunos mais velhos, veteranos, que aplicam nos que acabaram de chegar.
Ainda assim, tais práticas sempre estiveram coordenadas com péssimas características: degradação dos participantes, humilhação, violência física e simbólica, sexismo etc. Tais situações podem deixar traumas severos e danos irreversíveis em quem os carrega. Impossível negar que a cultura dos trotes no Brasil está intimamente ligada a esses termos, o que já resultou em inúmeros prejuízos reais, chegando ao limite de já terem ocorrido casos envolvendo fatalidades humanas.
Por conta dessa compreensão, o trote estudantil passou a ser amplamente revisto nas instituições de ensino e jurídicas do país. Os próprios alunos tiveram consciência de que alguns limites não devem ser ultrapassados, mesmo em nome da tradição.
Apesar disso, há faculdades e universidades que ainda mantêm o formato violento, o que não pode ser ignorado pelas autoridades locais e nacionais. Isso significa que o trote deveria parar de existir, já que pode ser tão prejudicial? Uma pergunta que pode ser defendida em ambos os termos.
Mas é possível que existam efeitos benéficos dessa tradição, desde que ocorra sem ferir os direitos individuais e coletivos. De fato, ocorre um entrosamento entre veteranos e novos alunos, que inclusive podem ter, no trote, uma oportunidade para conhecer melhor seus colegas de classe e iniciar amizades. No próximo tópico, exploraremos algumas possibilidades de inserção do trote estudantil de maneira positiva para o ambiente universitário.
Alternativas amigáveis para o trote estudantil
Como já mencionado, o trote tem tudo a ver com uma relação entre os veteranos e calouros de um curso. Logo, é possível utilizar o potencial dessa relação a favor das pessoas que estão entrando na universidade. Quem está no segundo período do curso já passou por muitos dos apertos que os novatos ainda experimentarão, assim, receber esses ensinamentos durante o momento do trote pode ser de grande ajuda para os calouros.
Essa é uma via já muito adotada por instituições que permitem o trote em suas dependências, desde que sejam construídos no intuito de melhorar o ambiente acadêmico. É comum que cada veterano “apadrinhe” um calouro nesse sentido de orientar para questões básicas: como é o funcionamento da biblioteca, quais são as disciplinas mais difíceis, onde se inscrever em cursos e atividades extra-curriculares etc.
Assim, existem inúmeras práticas que podem ser adotadas pela turma do segundo período como forma de aproximar os calouros e não deixar o momento do trote passar em branco, por exemplo:
- promover a doação de sangue para quem está no primeiro período;
- executar dinâmicas de grupo que promovam a integração e não sejam ofensivas;
- arrecadação de mantimentos para entidades beneficentes.
Sou obrigado a participar do trote no meu curso?
De maneira alguma! A participação em tais atividades é sempre voluntária, logo, se existir qualquer tipo de coerção, que force os calouros nesse sentido, ainda que para uma causa beneficente, isso já configura uma ilegalidade.
Então, se você não tiver vontade ou mesmo disponibilidade para fazê-lo, recuse educadamente. Ao mesmo tempo, se tiver curiosidade de ir, saiba que pode ser uma oportunidade interessante de conhecer as pessoas com quem você passará os próximos anos e, ainda, de tirar outros benefícios da experiência.
Denúncia de qualquer forma de abuso e violência
Apesar dos esforços gerais, existem grupos que ainda resistem em adotar uma postura civilizada, nesse sentido. Então, caso chegue a presenciar ou ter notícia de qualquer tipo de violência contra calouros ou pressão para que participem do trote estudantil, você deve fazer sua parte e denunciar junto às autoridades competentes.
Como estamos falando de uma cultura muito enraizada nas universidades, é difícil que alguns comportamentos sejam abandonados. Felizmente, trata-se de mínimas ocorrências atualmente. Ainda que seja em tom de brincadeira, é importante ficar atento para que aquela situação não se torne constrangedora para quem está acabando de entrar em um terreno novo como a universidade.
Os calouros costumam ser pessoas que estão passando por uma série de mudanças importantes em suas vidas. Isso os torna ainda mais vulneráveis a participar de situações abusivas para serem aceitos no coletivo, ainda que não o fizessem se fosse em outro contexto. É pensando nisso que os veteranos devem planejar suas ações, sempre no sentido de ampará-los ao invés de trazer desconforto e constrangimento.
Como vimos, o trote estudantil não é algo que devemos temer, mas que deve ser levado a sério sempre que for executado por conta das implicações aqui mencionadas. Portanto, fica sempre a cargo do novato na universidade se deve ou não participar daquele momento, principalmente se não tiver disposição para a atividade proposta. Ao mesmo tempo, descobrimos que há alternativas benéficas para o ambiente universitário, que podem realmente transformar essa passagem em um período marcante e útil para todos.
Aprendeu o que precisava sobre os trotes? Então, continue por aqui e descubra dicas para se sair bem no vestibular!