Pensou em ser médico já sabe: precisa saber suturar! É básico, e como dizem por aí…”é de lei”, um médico saber fechar um ferimento, uma cirurgia. Falando assim até parece fácil, mas como tudo nessa vida, essa técnica precisa de muito treino. É ai que entra um instrumento de aprendizagem bem importante: os simuladores de sutura. Esse é o nosso assunto por aqui hoje. Como os futuros médicos aprendem a suturar? Como são feitos esses simuladores? Tem universidade fabricando o seu próprio kit sutura? Calma, tem resposta e ponto (sutura, ponto… tá ligado na brincadeirinha? Hehehe.) pra tudo. O certo é: se você tem alguma cicatriz no corpo é sinal que o profissional da saúde que o atendeu teve a primeira experiência em um simulador de sutura.

Duas mãos, com uma agulha e linha, costuram folhas de papel.

Mas… o que são os simuladores de sutura?

Em close mão com uma pinça realiza sutura em um simulador branco disposto sobre um fundo verde

Como a palavra já diz, são equipamentos semelhantes aos originais, ou seja, que ajudam a “simular” a realidade. No caso do curso de Medicina os simuladores de sutura precisam, primeiramente, lembrar a pele humana. Afinal os futuros médicos estão aprendendo como fechar aquilo que foi aberto – ferimentos, cirurgias…não pensa bobagem!! 😛.

Os simuladores de sutura são feitos de materiais sintéticos – os polímeros biocompatíveis ( eita, nome difícil🤔 ). Simplificando: uma espécie de silicone que pode ser manufaturado para que se pareça com a pele. Por isso os simuladores de sutura também são chamados de skins – pele em inglês. Para garantir o aprendizado dos futuros médicos, as universidades disponibilizam esse material aos alunos. Via de regra os kits sutura são comprados de empresas especializadas em fabricar esse tipo de equipamento ligado à saúde. Mas tem instituição de ensino superior inovando e produzindo os próprios simuladores de sutura, a Universidade Católica de Pelotas é uma dessas universidades. Curioso para saber como? Segue por aqui!

Pesquisa, inovação e extensão nas “skins” da UCPel

Aluna da Medicina de jaleco branco e máscara treina em um simulador sentada em uma mesa coberta por um tecido verde

A necessidade dos cursos “irmãos”- Medicina e Odontologia, fez a Biomedicina da Católica unir pesquisa e inovação para confeccionar os simuladores de sutura, essenciais para o treino de Técnicas Cirúrgicas. O estudo e a confecção dos equipamentos são feitos de forma extracurricular, em um projeto de extensão – aquelas ações em que os acadêmicos aplicam a teoria em alguma atividade prática junto à comunidade ou à própria universidade🤗 .

O projeto “Confecção de simuladores para sutura com materiais poliméricos biocompatíveis de baixo custo”, surgiu em um trabalho de iniciação científica coordenado pela professora de Biomedicina e do Mestrado em Engenharia Eletrônica e Computação, Chiara do Nascimento. Ela conta que foi “desafiada” a aplicar seu conhecimento na confecção de “pele sintética” e acabou, junto com os alunos, produzindo 180 skins, distribuídas de graça aos universitários da Medicina da Católica.

“Não temos conhecimento de produtos com esses materiais feitos em outras instituições de ensino, tivemos como base o que existe no mercado comercial”. (Chiara do Nascimento, coordenadora do projeto de extensão e do curso de Biomedicina da UCPel)

Como são feitos os simuladores de sutura da Católica?

Em primeiro plano um simulador de sutura com a marca da UCPel e logo atrás outros simuladores embalados para serem entregues. Estão sobre uma superfície preta.

Agora é que vem a parte divertida dessa ideia de produzir “em casa” os simuladores de sutura. Para fazer as pecinhas que imitam a nossa pele, o pessoal da Católica segue os seguintes passos:

  1. confecção dos moldes em impressora 3D;
  2. instalação de uma espécie de malha de ferro no fundo do molde, capaz de sustentar a skin no momento da manipulação;
  3. colocar o polímero – o silicone, lembra?-, em estado líquido nesses moldes; e ,
  4. senta e espera: 20 horas!! PA – CI – ÊN – CIA!!! ⏳

A skin pronta ainda ganha uma fina camada de fibra de vidro, que ajuda na resistência ao rasgamento. Depois da fase de laboratório, o equipamento é validado por cirurgiões e médicos do Hospital São Francisco de Paula, o hospital universitário da UCPel. Os estudantes que treinam nos simuladores de sutura também têm a oportunidade de avaliar o material, um jeito de saber como anda a “performance” das skins.

 “Para mim contribuiu de forma direta para o desenvolvimento das habilidades cirúrgicas e fazer parte do projeto é uma honra”. (Maria Eduarda, Marchesan, aluna da Medicina da Católica, uma das primeiras a receber a skin feita na universidade e hoje integrante do projeto de extensão)

A produção dos kits sutura conta com a participação de alunos da graduação (Biomedicina, Medicina e Odontologia), de egressos da Católica e de colaboradores de outras instituições de ensino. Todo mundo unido para o desenvolvimento tecnológico do produto educacional, fruto do que a UCPel é especialista em fazer : a extensão.

Os simuladores de sutura da UCPel em outras universidades

Além de estimular a pesquisa e a prática universitária, o projeto que foca na confecção dos simuladores de sutura, tem outra vantagem: redução de custo. Todo feito dentro da instituição de ensino, o equipamento garante uma economia de cerca de 80%, se comparada a despesa anterior com a compra do simulador comercial. Motivos suficientes para as “skins” da Católica estarem “ON”… e já ligadas no futuro.

Isso porque o próximo passo é começar a produzir os simuladores para os alunos do curso de Odontologia da própria UCPel! Como já ganharam status de projeto de extensão, eles podem, também, expandir limites “universitários” e, quem sabe, daqui um tempo, auxiliem alunos de outras instituições a praticarem a sutura “deles de cada dia”.💯

Confira no vídeo como funciona o projeto de extensão da UCPel de confecciona os simuladores de sutura feito para os alunos da Medicina: