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Você provavelmente já ouviu falar neste termo, mas saberia dizer realmente o que é Síndrome de Burnout? Recente no campo da Psiquiatria, é uma classificação importante, pois se trata de um fenômeno cada vez mais evidente na experiência de profissionais de diversas áreas.

Quando olhamos para estudantes de Medicina e profissionais já graduados, é possível perceber a ocorrência frequente dessa enfermidade. Entretanto, é possível se precaver, ao conhecermos seus sintomas e causas.

Neste artigo, vamos detalhar a incidência da Síndrome de Burnout em médicos e estudantes, que podem ser atingidos por ela durante a graduação e até mesmo na preparação para o vestibular. Continue a leitura para saber mais!

O que é Síndrome de Burnout?

Apesar de já ter sido observada anteriormente, ela foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde apenas em 2018, por meio do novo manual de classificação para doenças, o CID-11. Ela se refere a um processo de esgotamento mental e físico em certos indivíduos, que ocorre por conta de seu contexto profissional.

De modo geral, a Síndrome de Burnout pode ser percebida como a expressão de um estresse crônico ligado ao trabalho, gerando todo tipo de consequências negativas para a saúde do indivíduo e de seu entorno. A expressão inglesa “burnout” significa algo que se queimou até extinguir a chama, como um fósforo.

Quais são os sintomas da Síndrome de Burnout?

Sua sintomatologia é bastante extensa e variada, tornando o diagnóstico difícil em certos casos. O paciente pode apresentar desde tristeza intensa até agressividade constante, por exemplo.

Uma forma de ajudar a identificá-la é buscar a origem dos sintomas na relação do indivíduo com seu contexto de trabalho. Aqui vai uma lista dos sintomas mais frequentemente observados:

  • distanciamento emocional;
  • despersonalização;
  • períodos duradouros de cansaço;
  • isolamento social;
  • irritabilidade e agressividade constante;
  • faltas recorrentes no emprego.

Como a Síndrome de Burnout atinge pré-vestibulandos?

Mesmo antes de entrar oficialmente na faculdade, é possível observar as manifestações da Síndrome de Burnout em estudantes que estão no pré-vestibular, especialmente naqueles que optaram pelo curso de Medicina. A graduação em questão costuma ser bastante concorrida. Isso gera o fenômeno em que certos alunos acabem por não serem aprovados em suas primeiras tentativas, tendo que esperar mais seis meses ou um ano para a reabertura do processo seletivo na faculdade desejada.

Essa situação de se manter em um ciclo repetitivo, sem garantia de avanços no ano posterior, por si só já é bastante angustiante. Somam-se a isso rotinas exaustivas de estudo e situações específicas como a pressão familiar por uma aprovação. São todos elementos que colaboram para o surgimento da Síndrome de Burnout ou de pelo menos alguns sintomas expressivos.

Quais são os efeitos do Burnout em estudantes de Medicina?

Esse é um risco que se mantém ao longo do percurso da faculdade para os estudantes de Medicina, mas já por razões um pouco diferentes. Essa graduação é bastante extensa: são pelo menos seis anos de estudo, sem contar com as residências obrigatórias para receber o título e poder, enfim, iniciar a vida profissional.

Além da quantidade de aulas e temas complexos, existe uma pressão pela aprovação nas disciplinas. Muitas delas costumam ser difíceis mesmo para quem já está acostumado com uma rotina de provas e avaliações. Reprovações podem ocorrer, tornando a experiência ainda mais frustrante para alguns.

Para evitar uma queda no rendimento, é comum que os estudantes recorram a remédios e outras formas de estimulação, o que pode acabar tendo efeitos danosos ao psiquismo, principalmente se forem feitos por conta própria, sem a indicação de um profissional. Portanto, fatores como os citados acabam por gerar nos estudantes um sentimento de insuficiência e cansaço extremo, ou mesmo o surgimento de uma Síndrome de Burnout caracterizada.

Ainda que não estejamos falando do trabalho propriamente dito, a relação com a faculdade acaba por ser a mesma que a de um ofício, só não costumamos receber pelas muitas horas de estudo e dedicação. Além do Burnout, é comum que outros quadros psiquiátricos surjam nesse período, como episódios depressivos e outras síndromes afetivas.

Sendo assim, é essencial que o estudante tenha atenção não só com suas notas, mas também com um investimento integral na saúde, que dê espaço para o lazer e realização de outras atividades que não tenham ligação com a faculdade de Medicina.

De que forma a Síndrome de Burnout atinge médicos formados?

No ambiente de trabalho propriamente dito, é onde vemos com mais frequência episódios dessa síndrome. É claro que isso pode ocorrer também com frequência em outras profissões, como em pessoas que ocupam cargos de gestão importantes em empresas, professores em geral, trabalho com finanças, etc.

Entretanto, podemos destacar que existem algumas especificidades no campo médico que acabam por gerar esse e outros distúrbios para os profissionais. Por exemplo, quando pensamos em toda a trajetória necessária para conquistar o diploma (que já mencionamos), isso já traz para o contexto profissional de médicos um peso que raramente se vê em outros ofícios.

Talvez ainda mais importante do que isso seja a questão da responsabilidade que o trabalho acarreta. Existe um peso sobre as decisões tomadas por esse profissional, que literalmente pode ser a diferença entre a vida e a morte de outros indivíduos. Um dos sintomas mais comuns da síndrome, como citamos, é o distanciamento afetivo produzido por ela, o que no caso de médicos pode existir quase que como uma estratégia para lidar com esses dilemas.

Somado a isso, vale lembrar dos grandes turnos de trabalho enfrentados por médicos, principalmente os recém-formados. Aqueles que trabalham em regime de plantão estão mais fragilizados nesse sentido, graças às condições pouco saudáveis inerentes a esse tipo de rotina.

Existe um certo estereótipo social sobre a profissão de médico que nos informa apenas do prestígio e das supostas vultuosas quantias de dinheiro envolvidas. Mas, a realidade não é bem assim. Primeiro, sempre será necessária uma dedicação árdua para praticamente qualquer área da Medicina escolhida pelo estudante, principalmente nos primeiros anos. Por outro lado, as vagas oferecidas muitas vezes não são tão bem remuneradas, trazendo um sentimento de grandes esforços em troca de poucos resultados.

Apesar da frequência da Síndrome de Burnout em médicos, ela não é uma exclusividade dessa profissão. Ao mesmo tempo, não se trata de uma tendência natural para quem trabalha na área. O importante aqui é ficar atento à saúde mental mesmo antes da graduação. Seja precavido e busque solucionar os sintomas antes mesmo que eles comecem a aparecer. Assim como em muitas outras enfermidades, devemos privilegiar a prevenção antes do tratamento.

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