Todo estudante de medicina precisa fazer residência médica? Essa é uma pergunta comum para quem já está cursando, assim como para aquelas pessoas que pretendem fazer essa graduação.
Já vamos adiantando que não há obrigatoriedade de fazê-la, ou seja, isso depende muito mais dos objetivos de cada formando da área. Diferentemente do estágio, mais conhecido como internato, a residência é uma etapa depois do curso finalizado e, consequentemente, é uma qualificação que acrescenta alguns anos de estudos na vida acadêmica de medicina.
Durante o curso de medicina, o estudante vai ser apresentado para diversas especializações médicas, podendo escolher uma delas para atuar ou optar por ser clínico geral. No segundo caso, a residência não é exigida, mas no primeiro essa é uma formação indispensável.
Sendo assim, depois dos seis anos do curso de medicina, o médico que pretende se especializar em uma das mais de cinquenta áreas médicas, precisa fazer o que chamamos de residência. Para saber mais sobre o assunto, continue a leitura!
O que é a Residência médica?
A residência médica é um tipo de pós-graduação em que sua singularidade está no fato de ser destinada apenas para médicos. O termo só pode ser empregado nas especializações realizadas por instituições credenciadas pelo MEC (Ministério da Educação), ou seja, que estejam regularmente inscritas e aprovadas por esse órgão do governo.
A residência é uma continuidade da formação do profissional, sendo uma das melhores maneiras de se especializar. O título de especialista só é concedido para o médico que fez residência, diferentemente de cursos não reconhecidos como tal. Nesse caso, eles têm valor acadêmico, mas não autorizam o anúncio como especialista.
De acordo com o MEC, como vimos, a residência médica é uma modalidade de pós-graduação e é oferecida por instituições regulamentadas. Nela, o profissional é orientado por médicos qualificados e considerados como “padrão ouro” da especialidade em formação.
No mesmo decreto em que autoriza a residência médica no Brasil, o MEC criou o CNRM, que é o Conselho Nacional de Residência Médica, responsável pelo credenciamento dos cursos autorizados.
Uma brincadeira entre os estudantes diz que o termo residência se refere ao fato de o médico fazer do hospital sua casa — onde seria sua residência. A verdade é que durante esse processo de especialização, a intensidade dos atendimentos e a quantidade de conhecimento para ser aprendido é alta, com isso, é normal passar mais horas do dia dentro das instituições de saúde.
No hospital-escola, como são conhecidas essas instituições, são ofertadas diferentes especializações. Além disso, o médico-residente é remunerado para trabalhar, geralmente, 60 horas semanais, sempre sob supervisão.
Qual a importância da Residência médica?
O programa de residência médica é reconhecido no Brasil desde o final dos anos 70 e, com o tempo, se tornou o principal meio de especializar os médicos do país, ou seja, a melhor maneira para o recém-formado em medicina complementar sua formação.
Mesmo para o médico generalista, a residência é importante para sua carreira, pois é vista como uma qualificação a mais do profissional, já que esse é um programa formativo.
Com um número de vagas limitados, mas que vem aumentando a cada ano, concomitante com o aumento de formandos em medicina, chegar na residência médica é o sonho de muitos estudantes.
Apesar de o médico residente ainda não ter a especialização em seu currículo, ele já passou pelos seis anos de graduação, em que teve dois anos de internato, ou seja, ele está apto a realizar muitos procedimentos, colaborando positivamente com o hospital no qual faz o programa de residência.
Além do mais, o profissional em treinamento tem a oportunidade de, sob supervisão, vivenciar as condições de trabalho que vai enfrentar quando obtiver o título. Sendo assim, a residência é de extrema importância para conhecer na prática o dia a dia da atuação de determinadas especialidades e, também, para o médico residente experienciar a rotina de trabalho, como um todo, em um hospital.
Por conta da regulamentação do órgão nacional, o CNRM, a atuação na residência tende a ser homogênea em todo o país, preparando os estudantes para lidar com a mesma situação em localidades variadas. Contudo, na realidade, algumas vezes, é possível o médico encontrar condições precárias de atendimento, porém, o conhecimento adquirido durante esses programas é suficiente para que ele possa encarar com propriedade essas situações.
Como funciona a Residência médica?
O médico residente tem entre suas atribuições o acompanhamento de pacientes que estão internados no hospital. Além disso, ele também poderá:
- substituir médicos do quadro principal, sempre que necessário;
- atender casos de urgência ligados a sua especialidade;
- atender nos ambulatórios especializados, se possível sob supervisão;
- realizar plantões.
Como vimos, a residência é remunerada, com isso, a procura costuma ser alta, pois também é uma oportunidade de ter uma remuneração juntamente da possibilidade de qualificação logo no início da carreira.
Na faculdade de medicina, mesmo com seis anos de estudos, algumas áreas de atuação podem não ser vistas com o aprofundamento que o estudante precisaria para atender especificamente no campo escolhido. Por isso, a residência é o momento de aumentar empenho na aquisição de conhecimentos específicos, além de ser a chance de aprofundar na prática um determinado domínio do exercício médico.
Qual o tempo de duração da Residência médica?
O tempo de residência, geralmente, é de 2 a 3 anos, dependendo da especialização, podendo chegar a 5 anos em casos muito pontuais, como o da neurocirurgia. Assim, conhecer como funciona cada uma dessas áreas pode ajudar o estudante a fazer a escolha mais prática para sua realidade, além de ajudá-lo a identificar a área adequada ao seu perfil profissional e pessoal.
Para além do tempo gasto ainda antes de dar início a uma carreira promissora, é importante considerar a afinidade com a possível escolha de especialização. Muitas das opções, como veremos, exigem certa compatibilidade com determinados grupos de pacientes.
Você pode, por exemplo, gostar muito de lidar com crianças, mas tem mais afinidade com a ortopedia, duas áreas que podem estar interligadas se você se dedicar a tratar de problemas ortopédicos no público infantil. É no decorrer do tempo, dos anos de graduação e das vivências e práticas adquiridas nesse período que essas questões vão se iluminando para você.
Por isso, não tenha pressa de escolher, aproveite ao máximo tudo que a faculdade tem para oferecer e depois, com calma, entenda o seu perfil e reflita sobre qual residência melhor se encaixa nele.
Qual a carga horária da Residência médica?
De acordo com a legislação, a carga horária prevista é de no máximo 60 horas semanais e os plantões devem ter no máximo 24 horas semanais. Nesse período, o descanso obrigatório é de no mínimo 6 horas após o plantão e as folgas devem acontecer pelo menos 1 dia na semana, de preferência nos finais de semana.
É importante destacar que também devem ser realizadas dentro da carga horária atividades teóricas, e elas devem abranger de 10 a 20% do período total da residência.
O residente também tem a garantia de férias e, preferencialmente, elas devem ser tiradas no decorrer de um mês completo. Em relação a quando ela deve acontecer, isso pode mudar de acordo com cada instituição e deve ser acordada entre os interessados.
Das possibilidades do cumprimento da carga horária, é permitido fazer um período em outra instituição. Porém, se o seu hospital-escola oferece todos os requisitos e garante qualidade no ensino, isso não será algo necessário.
Qual o processo para ingressar na Residência médica?
Os estudantes de medicina já estão acostumados com provas e avaliações difíceis, não é mesmo? Além da grande concorrência, desde o vestibular, no mesmo caminho, a residência não é muito diferente. Isso porque algumas vagas dessa modalidade de especialização são tão ou mais concorridas que aquelas vagas disponíveis para a graduação.
Os processos seletivos também contam com provas, que podem variar de acordo com o programa. Em geral, eles são divididos em duas fases:
- prova teórica: conhecimentos sobre clínica médica, pediatria, cirurgias, ginecologia e obstetrícia, medicina preventiva e social, etc. A especialidade de seu interesse também interfere nas questões cobradas nessa etapa da avaliação, além disso, a resolução de análises clínicas têm maior peso na nota final;
- análise e entrevista: essa etapa pode mudar de acordo com o programa de residência médica, mas, geralmente, conta com uma banca examinadora que pontua o currículo do candidato de acordo com as suas experiências na vida acadêmica.
Para fazer a prova, alguns requisitos mínimos são exigidos, como o registro no CRM, já que o exercício da medicina só é possível com a aquisição desse registro profissional do conselho de medicina. Dependendo da especialidade, o acesso aos programas de residência podem mudar, por isso, é importante pesquisar como eles acontecem, principalmente, na instituição de seu interesse.
Como se preparar para a prova de residência?
Para começar, você precisa entender a importância do que abordamos anteriormente — a construção da avaliação. A partir daí, você consegue se preparar psicologicamente e fisicamente para enfrentar as horas de prova.
Um bom começo para entender como funciona a banca é conversar com pessoas que já fizeram esses processos, também é interessante buscar provas anteriores e refazê-las. O momento de fazer uma avaliação que define o seu futuro como médico é mais que uma simples avaliação teórica, pois envolve uma carga emocional muito grande e o candidato deve se preparar para isso também.
Algumas dicas básicas que, provavelmente, você usou na época dos vestibulares, precisam ser retomadas nesse momento, entre elas, cuidados físicos: alimente-se bem, beba água, faça exercícios físicos. Mas, também, precauções quanto aos conteúdos, por isso, busque cursinhos, quando necessário. O mais importante é que você tente não deixar a ansiedade interferir nas suas expectativas.
Quais as principais opções de Residência médica no Brasil?
Na medicina da ucpel, nove programas de residência são ofertados: Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Clínica Médica, Medicina de Família e Comunidade, Medicina Intensiva, Medicina Intensiva Pediátrica, Nefrologia, Neonatologia e Pediatria.
Vemos que em nosso curso de medicina, um desafio para quem quer escolher uma especialização é a gama de opções. Pensando nisso, levantamos alguns dados como tempo de duração, média salarial e concorrência, contudo, essas informações podem mudar de acordo com o programa de residência médica, além da região de trabalho.
Vejamos algumas das principais delas e suas principais funções, lembrando que elas podem ser ofertadas em diferentes instituições de saúde credenciadas pelo MEC.
Acupuntura
Apesar de ser uma área que não exige a formação em medicina, a acupuntura é reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como alternativa para o tratamento de cerca de 200 patologias e seus sintomas. A concorrência é baixa, mas o salário não é dos mais atrativos para a carreira médica. A duração é de 2 anos.
Anestesiologia
Um dos maiores salários da área médica é a do anestesiologista, isso porque essa é uma especialização que vem ganhando espaço, já que o profissional não é mais aquele que fica só no centro cirúrgico, ele também participa do pré e do pós-operatório ativamente. A concorrência é média e o tempo de duração é de 3 anos.
Cirurgia Geral
Essa é uma das áreas mais procuradas pelos estudantes de medicina, já que é pré-requisito para outros tipos de residência médicas relacionadas às cirurgias. A remuneração é alta e a concorrência é média. O tempo de duração é entre 2 e 3 anos, dependendo do programa.
Cirurgia Cardiovascular
É uma das mais longas residências médicas, com duração de 5 anos, além disso, a concorrência é alta, assim como os salários. Nessa área é importante ter conhecimento do uso de tecnologias na medicina, pois é uma especialidade que tem evoluído bastante.
Clínica Médica
A clínica médica também está entre as mais procuradas, aumentando a concorrência. O salário é médio, porém, essa residência é pré-requisito para outras especialidades clínicas. É ideal para os médicos que gostam de dar diagnósticos, pois o profissional atua um pouco em cada área. A duração é de 2 anos.
Dermatologia
Entre as especializações mais concorridas e com salários na média, essa residência tem duração de 3 anos. O campo de atuação é amplo e pode abranger cirurgias e outros procedimentos clínicos.
Ginecologia e Obstetrícia
Entre as principais especialidades médicas, o profissional cuida da saúde da mulher e de seu sistema reprodutor, acompanhando a paciente durante toda a gravidez até o parto. Um mercado muito concorrido e que depende muito da empatia do médico com suas pacientes. A remuneração é média e a duração é de 3 anos.
Infectologia
Especialização direcionada para médicos que queiram trabalhar com doenças virais, bacterianas etc. A remuneração é média, a duração é de 3 anos e a concorrência é pequena, porém é uma residência que exige muito trabalho, principalmente em áreas precárias em relação ao acesso à saúde básica.
Medicina da família e comunidade
Uma das especialidades mais crescentes no Brasil, esse profissional é preparado para atuar com os primeiros cuidados com a saúde de famílias inteiras, mesmo que elas não estejam doentes. A ideia é que você seja o “médico da família”, como acontecia tradicionalmente tempos atrás. A duração é de 2 anos, o salário é médio e a concorrência ainda é baixa, apesar da procura.
Medicina do trabalho
Essa residência médica é pensada abrangendo os cuidados com os trabalhadores durante sua jornada de trabalho. É uma rotina tranquila, com salário médio e duração de 2 anos. A concorrência é baixa e depende muito da região de atuação.
Medicina intensiva
Prepara os médicos residentes para atuarem na Unidade Intensiva de Atendimento (UTI), sendo também responsáveis pela organização das equipes dentro desse espaço. Para fazê-la, é necessário ter residência em outras áreas, como clínica médica ou cirurgia geral. Com 2 anos de duração, a concorrência é média, assim como o salário.
Medicina preventiva e social
A atuação é focada na garantia da saúde de uma comunidade, em que a prevenção das patologias acontecem por meio de vacinas e projetos para manter a vida saudável. A concorrência vem aumentando, mas ainda é baixa. Isso tem acontecido por conta dos casos de epidemia, como a dengue. A remuneração é média e a duração é de 3 anos.
Nefrologia
Esse especialista é responsável por diagnosticar e tratar doenças relacionadas ao trato urinário e aos rins. Diferentemente da urologia, que tem foco no tratamento cirúrgico, a nefrologia é direcionada ao atendimento clínico. Sendo assim, é necessário ter a residência completa em clínica médica, apresentando tal título, antes de concorrer a uma vaga desse programa.
Neurologia
O neurologista diagnostica e trata problemas do sistema nervoso, como o AVC. A concorrência e os salários são médios. A duração da residência é de 4 anos. É comum a interação desse profissional com outras especializações, por isso, sua ação costuma ser mais ambulatorial.
Oftalmologia
Uma área muito conhecida, o oftalmologista cuida da visão dos seus pacientes. Entre laboratórios e consultórios, esse profissional também costuma ter clínica própria. Com poucas emergências, o plantão não é muito comum. A duração é de 3 anos e salários, assim como a concorrência são médios.
Ortopedia e traumatologia
Diferentemente do oftalmo, o ortopedista tem muito trabalho nos plantões, pois atende traumas e problemas nos ossos, articulações, músculos etc. O atendimento ambulatorial também é muito procurado, por isso, a remuneração costuma ser alta. Com duração de 5 anos, a concorrência é média.
Pediatria
Muitos estudantes de medicina sonham com a pediatria. Essa especialidade exige muito conhecimento, pois, muitas vezes, as crianças não conseguem descrever ao certo o que estão sentindo. Com alta concorrência e salário na média, o pediatra enfrenta 3 anos de especialização e pode fazer outras complementares, como a cirurgia pediátrica.
Qual a ligação da Residência médica com a pós-graduação?
Em outras áreas, a especialização é equivalente à pós-graduação que, por sua vez, é dividida em várias modalidades. Na medicina, além dessas categorias, existe a residência. Nesse sentido, uma dúvida que sempre surge é a ligação entre residência médica e pós-graduação.
Como vimos, são duas modalidades diferentes, em que, na residência médica, a especialização é exclusiva para esses profissionais da saúde, enquanto a pós-graduação tem modalidades que podem ser realizadas por outros profissionais, algo pouco comum, mas possível de acontecer.
Logo depois de formado, o médico pode escolher entre essas duas possibilidades de se especializar, porém, apenas a residência dá o direito de ele se anunciar como especialista — talvez essa seja a principal diferença entre esses métodos.
Outra diferença é o fato de a residência ser uma especialização remunerada, o que nem sempre acontece nos níveis de pós-graduação. Geralmente, nos mestrados e doutorados são ofertadas bolsas, porém isso nem sempre é garantido.
Em relação à concorrência, a área de medicina mantém o ritmo desde o vestibular, ou seja, em ambas existem muitos profissionais em busca de mais conhecimento e qualificação. Contudo, como a residência é a maneira legal de o médico conquistar o título de especialista, o número de candidatos tende a ser bem alto.
Durante a pós-graduação é mais comum a produção científica e o estudo específico de áreas mais teóricas, enquanto o foco maior da residência é a prática. A formação completa é essencial para o médico que busca por uma carreira promissora, por isso, optar por uma dessas opções acaba sendo um diferencial no currículo.
Neste post, você descobriu o que é residência, quais as principais especializações oferecidas, como os processos seletivos acontecem, entre outras informações relevantes para quem pretende entrar em um desses programas. O mais importante é entender que quanto mais o médico se dedica ao conhecimento e a qualificação profissional, mais ele demonstra o quanto é preocupado com a saúde e o bem-estar de seus pacientes.
As diretrizes de como funcionam os programas de residência médica são dadas pelo CNRM, porém, as instituições têm liberdade para organizar os processos dentro dos seus preceitos, desde que não infrinja nenhuma lei federal. Sendo assim, o regimento interno pode ser diferente e definido de acordo com a realidade de cada local.
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